O roteiro é divertido e gira em torno da personagem Ruth Wilder (Alison Brie), uma atriz desempregada e cheia de frustrações que finalmente encontra uma saída para seus problemas em uma nova audição televisiva. O programa reúne mulheres diferenciadas na luta livre e mostra que cada uma delas sai do estereótipo de sexo frágil. SPOILER: as lutadoras são representações de outros estereótipos, como Walfare Queen. Esse nome ficou conhecido nos EUA depois de uma mulher ter sido presa por receber auxílios sociais sem precisar. Por meio de fraudes ela recebia dinheiro do governo e usava para ter uma vida de luxo e depois disso, mulheres que têm privilégios sem trabalhar levam esse apelido, assim como a personagem Tammé da série.
Outras personagens representam os padrões de loira com corpo bonito e estereótipos por nacionalidade, como Jenny que tem origens asiáticas e vira o personagem “Biscoito da Sorte” e Arthie que tem descendência indiana. Bash ao escolher um nome para Arthie diz que ela tem traços árabes e por isso foi chamada de “Beirut the Mad Bomber”, para se referir a cidade do Líbano e ao preconceito de ver pessoas do oriente médio como terroristas.
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Atrizes da primeira produção de GLOW (1986)
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Atrizes da atual produção de GLOW pela Netflix
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Todas as personagens têm dois estilos: o pessoal (usado fora do programa) e o visual escolhido especialmente para a luta livre, então a tarefa do figurino não foi tão fácil assim. A figurinista Beth Morgan não é tão conhecida, mas deu conta de entregar um resultado incrível.
A figurinista já trabalhou na série O Último Cara da Terra, exibida pela FOX entre 2015 e 2016, e do filme Histórias Cruzadas com a atriz Octavia Spencer (vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por esse longa em 2011).
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Beth Morgan ao lado de Alison Brie.
Em entrevista ao site CR Fashion Book, ela conta que passou seis meses pesquisando roupas vintages autênticas pela internet e em brechós. Para escolher a roupa de cada personagem, ela teve como inspiração filmes e catálogos dos anos oitenta, como a cartela de cores da marca Gitano de 1985 (com tons de verde menta e pêssego), e catálogos da J.C. Penney.
A figurinista também pesquisou em vários tipos de lutas WWE (World Wrestling Entertainment) antigas e viu o filme Perfect, com a atriz Jamie Lee Curtis usando várias roupas de ginástica. As cenas dela treinando são bem parecidas com os treinos de Debbie e Ruth no começo da primeira temporada.
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Jamie Lee Curtis em Perfect (1985).
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Ruth Wilder (interpretada por Alison Brie) e Debbie Eagan (interpretada por Betty Gilpin) na primeira temporada de GLOW
Mesmo tendo como base o documentário do show de TV do qual a série foi baseada (o GLOW: The Story of The Gorgeous Ladies of Wrestling), a figurinista disse que não tentou fazer roupas parecidas com as originais porque queria "criar um mundo próprio de GLOW" (o remake), como disse ao Awards Circuit.
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As roupas da atleta Reggie (Marianna Palka) foram inspiradas em Jodie Foster (com seus blazers andrógenos), e verdadeiros atletas dos anos 80. Para Rhonda (Kate Nash), os croppeds e as mini saias vieram dos videoclipes da banda Twisted Sister. Para Carmen (Britney Young), a inspiração veio dos catálogos infantis da J.C. Penney, e por ser uma adolescente, a paleta de cores é em tons pastéis para mostrar sua ingenuidade e inocência. E Dawn e Stacey tem um lado mais roqueiro com calças leggings estampadas e meias por cima.
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Reggie (interpretada por Marianna Palka) na segunda temporada
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Rhonda (interpretada por Kate Nash) na primeira temporada
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Carmnen (interpretada por Britney Young) na primeira temporada
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Stacey e Dawn (interpretadas por Kimmy Gatewood e Rebekka Johnson)
As inspirações para Ruth Wilder foram Sarah Jessica Parker no filme Dançando na TV (1985) e o estilo vintage de Meryl Streep. Enquanto ela atua em seu papel de Zoya, os tons de roupa são mais fortes para marcar presença, como vermelho e azul escuro, mas seu estilo casual tem cores pastéis para mostrar sua vulnerabilidade. "Moda não é o forte de Ruth, ela é uma pessoa prática para roupa. Ela queria ser um personagem principal como atriz (a personagem é atriz antes de começar a lutar), então ela sempre se vestia pensando no papel. Ela pensaria "por que eu escolheria essa roupa? Pra que ela serve na história e ela define quem eu sou?", disse Beth Morgan.
Ruth não tem uma boa situação financeira e, assim como a maioria das pessoas nessa época, ela não tinha muitas peças para cada estação. A figurinista queria que ela tivesse uma jaqueta que marcasse um lado mais masculino, e a roxa que ela encontrou num brechó era infantil, mas serviu na atriz. A personagem também não usa sutiã porque a figurinista quis passar a ideia de que ela não se importa com essas coisas.
"A fantasia de Zoya é uma das mais frágeis porque é de spandex revestido (para ser metálico) e quando ela se movimenta nas cenas se desgasta. Nós fizemos várias peças da mesma por isso, para manter consistente. Mas mesmo assim não era uma quantidade tão grande porque elas não precisavam de dublês, eram peças só para elas." A maioria das roupas das lutas foram feitas pela equipe e a figurinista disse que comprou vários collants pela internet, no site Etsy, porque o spandex (tecido bem elástico) dos anos 80 não é o mesmo spandex usado atualmente.
A maioria das roupas das lutas foram feitas pela equipe e a figurinista disse que comprou várias collants pela internet, no site Etsy, porque o spandex (tecido bem elástico) dos anos 80 não é o mesmo spandex usado atualmente.
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Já para Debbie Eagan (Betty Gilpin), que é o oposto de Ruth com uma renda maior, a figurinista escolheu roupas de alta costura, como o moletom de veludo branco da Gucci, com as cores da marca ao redor do pescoço, usado pela personagem para ir a casa de Carmen. "É hilário que Debbie apareça nesta casa de classe baixa, e ela está em um Gucci branco impecável, esperando para ser treinada pelos irmãos de Carmen neste quintal”, diz Beth Morgan. Para seu personagem Liberty Belle, os tons escolhidos foram os da bandeira dos EUA e muito brilho.
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Na primeira temporada as roupas eram mais esportivas porque as personagens estavam na fase de treinamento do programa de luta. Elas sempre estavam no ringue encenando quedas e golpes por isso usavam confortáveis. Na segunda temporada elas fazem mais programas com seus personagens de luta e vestem as fantasias que as representam (vale lembrar que na série elas usam roupas diferentes quando não estão no ringue e não tem que interpretar seus personagens). A figurinista disse em uma entrevista que as personagens evoluíram de uma temporada para outra e começaram tentando ser atletas para chegar na segunda temporada com mais confiança, com novas personalidades e corpos transformados.
A segunda temporada foi liberada pela Netflix em junho de 2018 e continua tendo sucesso até hoje. Agora a série está mais crítica mostrando que as personagens estão cada vez mais determinadas em lutar para conseguir respeito diante de assédios e se impor no mundo masculino da produção televisiva nos anos 80.
Para os novos episódios o figurino vai no estilo de DIY (Faça você mesmo), e Beth Morgan ainda conta com o trabalho da maquiadora Lana Horochowski, a qual disse ao site Observer que elas pensavam no estilo caseiro para dar a impressão de que as próprias personagens tivessem feito as roupas.
Beth ainda acrescenta: “Nossas garotas não têm muito dinheiro. Elas repetem muito seus looks casuais, e usam muito dos mesmos looks de treino”. Nessa temporada não espere novas roupas, e sim, peças reinventadas. O casaco de Zoya foi encontrado em um brechó pela atriz Alison Brie e a figurinista personalizou com uma foice para lembrar o símbolo da União Soviética (de onde a personagem Zoya é). E a saia de Debbie usada na luta contra Tamme foi reinventada: “Essa saia é na verdade parte de outra saia que Debbie compra no shopping para um jantar no primeiro episódio da segunda temporada. Nós cortamos a saia lápis de baixo (usaram só a parte do babado da cintura) e prendemos uma bandeira americana nela”, disse a figurinista. Obs: Saia lápis é um corte de saia que vai da cintura até a altura do joelho.
Na segunda temporada Debbie quer ser a produtora do show e passa por várias mudanças (está se divorciando e ao mesmo tempo tentar conciliar sua nova vida como mãe solteira e lutadora). "Ela quer ser levada a sério pelos homens, sem ser pelo seu corpo", disse a figurinista.
A personagem muda de estilo e veste roupas menos chamativas e menos coladas ao corpo, como camisas e calças de alfaiataria com uma paleta de cores neutras: "Ela é uma mulher que na época já sabia quando usar sua feminilidade e sua força. Nós usamos muitos terninhos e mostramos ela como uma personagem forte. As cores não são mais pastéis, são neutras, apenas para fazer ela se encaixar e ter seu lugar na mesa (garantir um espaço como a nova Debbie)", completa.
Por isso ela começa a usar roupas mais elegantes, como no episódio nove, quando ela sai com Bash e usa um terninho rosa feito com um modelo dos anos 80. O detalhe do terno é o pin da blusa que a figurinista demorou muito para escolher: "Eu comprei quase 40 pins para encontrar o perfeito no Etsy".
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Os personagens masculinos não tiveram tantas mudanças: o diretor do show de luta livre Sam Sylvia (Marc Maron) continua usando a mesma calça jeans, com camisas ou camisetas polos, e sua bota de cowboy; e Bash (Chris Lowell) ainda mantém os blazers, mas aposta em roupas mais coloridas e até calça estampada.
Bash (personagem que investe no show de Sam e das meninas) continuou usando roupas no estilo anos 80 incluindo uma blusa de couro verde e um conjunto cinza inspirado no David Bowie que ele usa para sair com Debbie. "Nós encontramos o terno verde em uma loja estranha do Etsy e o material parecia plástico. Esse tecido não era nada natural e só Deus sabe do que ele é feito". Para o terno inspirado em Bowie, a figurinista disse que estava doida para recriar uma peça do ícone e não tinha ideia de como fazer. "Por um bom tempo eu achei que ele estava usando um macacão de alfaiataria, mas então eu percebi que ele estava usando o blazer por dentro da calça". O cinto foi encontrado no Etsy também e a equipe de figurino acrescentou couro nele.
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A parte favorita da figurinista e principal da segunda temporada é o casamento de Bash com Rhonda e toda a cena tem detalhes rosa, como a gravata do noivo e o colarinho do padre. As madrinhas de casamento eram as amigas de ringue (as outras personagens) e a roupa não podia ser diferente: collant de spandex rosa com babados nas mangas. A figurinista contou em entrevista ao Gold Derby que viu em sua pesquisa que nos casamentos dos anos 80 as mangas eram bem exageradas nos ombros, mas ela teve que adaptar para que elas conseguissem movimentar os braços (já que atuam em um programa de luta e precisam dar golpes). Durante a cerimônia, as mangas ficavam ombro-a-ombro e depois puderam ser erguidas como alças normais que deixassem as personagens se moverem com facilidade.
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Glow é nostalgia pura dos anos 80 e podemos ver que algumas peças voltaram a ser usadas atualmente, como a mom jeans e a jaqueta bomber usadas por Ruth e os collants, que agora são vistos como peça casual no guarda-roupa feminino.
A terceira temporada já chegou na Netflix e a história vai falar mais sobre as lutas e fracassos da mulher durante o governo do presidente Ronald Reagan (EUA - entre 1981 e 1989), liberdade e diversidade sexual. Com assuntos que podem ser vistos ainda nos dias de hoje, é uma série que vale muito a pena assistir.
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