Quando um filme é bom e fez sucesso, já dá pra imaginar que pode ganhar um remake, uma adaptação ou até uma continuação mesmo depois de décadas. Isso já aconteceu com O Grande Gatsby (1928, 1949, 1974 e  2013) e muitos outros filmes, como o recém sucesso de A Bela e A Fera, clássico animado da Disney que teve 12 tipos de produções nas telas (tanto desenhos animados, quanto live-actions - filmes comuns). E a onda dos remakes também chegou para Mary Poppins.

 Dica: Se você gosta de remakes e de animações, dá só uma olhada nos filmes da Disney que vão estar no cinema nos próximos anos. 

 Mais de cinquenta anos se passaram e a babá vai pegar seu guarda-chuva e aterrissar no cinema de novo.

O Retorno de Mary Poppins dirigido por Rob Marshall estreia perto do Natal e vai trazer Emily Blunt no papel principal, Maryl Streep (como Topsy), Colin Firth (como William), Lin-Manuel Miranda (como Jack) e outros atores para dar novas caras aos personagens. 

 Dessa vez, a babá vai levar sua magia para os filhos da família Banks, Michael e Jane, que agora são adultos. O amigo de Mary, um acendedor de lampiões chamado Jack consegue iluminar e dar vida às ruas de Londres também. Tem magia de sobra nesse filme

 No primeiro filme, Mary é interpretada por Julie Andrews (que já fez A Noviça Rebelde, Victor/Victoria, dublou Meu Malvado Favorito e Shrek Terceiro), e ela ganhou seu primeiro Oscar de Melhor Atriz com esse personagem. A parte curiosa do primeiro Mary Poppins é que o filme só começou a ser gravado depois que ela se recuperou da gravidez e o figurinista escolhido era seu marido, Tony Walton.

 No meio de um guarda-roupa com peças bem acinturadas, com babados e laços, além de seus chapéus, outro item que ela não deixa de lado é um bom casaco. Inclusive, a peça laranja da foto abaixo foi um dos modelos de referência para a figurinista Sandy Powell no novo filme (dá pra notar que Julie Andrews usa uma blusa com um babado menor do que o atual usado por Emily Blunt, que é um babado duplo - duas camadas). 

 

 Quem deu esse upgrade na personagem foi a figurinista britânica Sandy Powell. Indicada ao Oscar de Melhor Figurino 12 vezes  e Vencedora de 3 Oscars e 2 BAFTAS, ela é referência para os figurinistas e já fez vários trabalhos conhecidos, como O Lobo de Wallstreet e Cinderela. Nas próximas temporadas de premiação, ela já pode garantir duas indicações por O Retorno de Mary Poppins e A Favorita (outro filme que já está fazendo sucesso entre os críticos - ainda vamos ter um texto aqui sobre ele). 

"O figurino de Mary Poppins em sua entrada é provavelmente o mais importante do filme, porque é assim que todos vão lembrar dela. E é isso o que todos lembram do filme original: dela em sua cena descendo do céu”, Sandy Powell comenta em vídeo. Ela disse que fez um figurino parecido, mas como o filme original se passa em 1910, sua versão teria que ser mais moderna pelo roteiro se passar 20 anos depois (1930), não mais na Era Eduardiana (1901-1913).

 Pelas fotos já dá pra ver que Mary Poppins usa vários casacos longos, assim como a personagem interpretada por Julie Andrews. E a figurinista comenta sobre a criação do novo casaco que teve a adição de uma nova capa: "Eu tentei primeiro uma capa pequena e então uma capa com duas camadas para criar movimento e mudar levemente a silhueta". 

 Algumas das escolhas da figurinista Sandy Powell foram feitas na prática. O primeiro passo foi ver como as roupas ficavam na atriz Emily Blunt e separar o que mais dava certo. Ela provou muitas saias, blusas, vestidos, casacos e chapéus dos anos de 1930 e ficou mais fácil de saber qual caminho seguir. 

 O chapéu vermelho foi escolhido simplesmente por ser o que mais combinou com as roupas. A cor do casaco usado pela personagem também foi escolhida pelo que ficou melhor na atriz. A cor original era azul marinho, mas a figurinista achou muito escuro e na câmera se parece com o preto. Ela disse que queria um azul que de longe parecesse mais escuro e quando se aproximasse também ficasse mais vibrante, e a solução foi acrescentar um pouco de preto para não ficar nem tão vibrante e nem parecendo azul royal.

Nas cenas do filme que eles estão em um cenário de desenho animado, os atores são reais e apenas o cenário é um efeito criado pelo computador. O mais legal é que a figurinista teve que pensar nas roupas reais e nas dos bichinhos também. Ela enviou para a equipe de animação várias imagens de roupas da década de 1930 para servir como referência.

 Cada rascunho dos personagem retornava para ela corrigir e dar sugestões. Mas ela lembra que os detalhes eram mais complicados: "Eu enviava os desenhos com muitos detalhes e eles não podiam fazer todos detalhes. Eu não podia fazer uma estampa cheia de linhas, já que eles só podiam fazer uma ou duas linhas porque é muito trabalho para desenhar a mão", conta ao site Slash Film.

A figurinista conta: "Eu pensei que seria ótimo se os personagens fizessem parte desse mundo e eu experimentei deixar os figurinos como se fossem pintados em duas dimensões, o mesmo que os personagens já animados. Isso foi feito com desenhos pintados a mão, diferente das animações mais sofisticadas." 

 Ela cortou cada peça do tecido de algodão e entregou para o departamento de pintura, mas antes falou com os animadores da Disney para ter certeza de que sua equipe estava pintando as roupas com o mesmo tom e a mesma lavagem para combinar com a animação na tela.

 Para a cena principal de Mary Poppins, o diretor teve total confiança no trabalho da figurinista e disse que só queria que a personagem ficasse parecida com a atriz Ginger Rogers. A figurinista disse que colocou mais volume na saia e conseguiu deixar a personagem bastante elegante.

 Outra personagem que tem um figurino bem excêntrico é Topsy, prima de Mary. E A figurinista se inspirou em artistas boêmios, como a poetisa Edith Sitwell e a escritora Nancy Cunard. "Nós brincamos com as formas e com as franjas na ponta do kimono. Eu queria cores vibrantes no preto e nós olhamos para as formas dos anos de 1920 e 1930. Mas nós acabamos fazendo uma impressão no veludo e pintamos a mão. Essa foi a peça que mais demorou para ser feita em todo o filme e fizemos sete dela para ter várias. É alta costura", disse a figurinista ao Hollywood Reporter

 Ela usa um kimono estampado com figuras geométricas, calça harém (calça no estilo asiático, com elástico na cintura e nos tornozelos, deixando um formato de balão nas pernas) na mesma estampa, cinto bem chamativo, pulseiras coloridas e um turbante com pincéis presos dentro.

 Uma curiosidade é que a figurinista queria que ela usasse o cabelo todo escondido pelo turbante (Sim! Mesmo sendo cabelo, Sandy Powell tinha ideias também, como visto no vídeo),  mas a atriz queria seu cabelo aparecendo e que fosse laranja.

 Aqui dá pra perceber como a vontade do ator conta e é importante para montar o personagem, ainda mais sendo Meryl Streep.

Um dos primeiros figurinos feitos foram os das cenas em que Jack aparece cantando na rua acompanhado de vários dançarinos com uma coreografia usando os próprios postes de luz. Eram mais de 70 pessoas no total, contando com dançarinos, ciclistas e dublês. "Nós precisávamos saber antes quais eram as roupas que iríamos trabalhar pra eles conseguirem dançar com elas", o desafio para a figurinista foi fazer roupas que não fossem de lycra ou com tecidos de roupas de dança, porque eles também tinham que se parecer com personagens normais, que trabalham e são limpadores de chaminés. O que diferencia essa cena da que aparece no primeiro filme de Mary Poppins é que cada personagem tem sua individualidade, porque apesar de todos serem parecidos, suas roupas não são iguais e isso foi um pedido do diretor Rob Marshall. O figurino se parece mais escuro e acinzentado a noite, mas ao se aproximar ou ao olhar os personagens de dia, as roupas têm um pouco de cor. 

Sandy Powell disse ao site The National que o trabalho no filme foi “um desafio realmente interessante” e que ela queria manter a essência do figurino original e percebeu que a marca da personagem “era a silhueta dela, que é muito importante quando ela vem do céu”. Ela fez seu trabalho pensando na primeira Mary Poppins: “[ela] usa um chapéu e eu fiz um chapéu; ela usa um casaco, então eu fiz um casaco; os sapatos são muito importantes; e um guarda-chuva”. O guarda-chuva e a bolsa não foram feitos por ela, mas ela trabalhou de maneira próxima com o departamento responsável.

 O filme já está em cartaz no Brasil e nós já estamos contando com esse figurino maravilhoso nas maiores premiações.

E hoje o que queremos saber é: você conhece a figurinista Sandy Powell? Se sim, quais os figurinos mais marcantes da carreira dela para você? Até a próxima e fiquem ligados que vem mais um texto sobre ela por aí! 

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